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setembro 03, 2011

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Em todos os sites de relacionamentos encontramos a seguinte frase “Procuro relacionamento sério”. Então eu pergunto: o que seria hoje em dia um “relacionamento sério?”. Teria ele, um prazo de validade já preestabelecido na cabeça das pessoas? A Internet facilitou, ou de certa forma acabou complicando essa procura, já que a cada minuto a “oferta” triplica? Será que estamos mais exigentes, ou será que o medo de se entregar tomou conta de todos?
Será que as pessoas têm realmente noção do que é ter um relacionamento sério? O que significa isso hoje em dia? Significaria algo como sinônimo de “construção a dois”, ou não passaria de uma mera resposta à pergunta: “Você tem um relacionamento sério?” – “Sim, eu tenho”. E essa resposta não soaria apenas como um troféu? E esse troféu não permaneceria em poder dessas mãos, com um nome inscrito, até que outro fosse nele substituído?
Ter um relacionamento sério hoje em dia não está nada fácil! Morar junto seria ter um relacionamento sério? Será que as pessoas sabem o que é isso? Até que ponto estariam dispostas a compartilhar tudo debaixo do mesmo teto? Haveria ajuda mútua? Esse relacionamento seria “aberto”, já que cada um possuiria seu próprio computador para checar as novas “ofertas” do mercado de relacionamento? É sério?
Outro dia li um artigo sobre uma nova modalidade de relacionamento: o Poliamor, que consiste em uma pessoa amar várias pessoas ao mesmo tempo. Não vou entrar em detalhes culturais, mas me lembrei do famoso poema de Carlos Drummond de Andrade, Quadrilha, e pensei: “Que visão futurista fantástica!”.

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Também andei pensando sobre mim. Será que estou ficando retrógrado, velho, ou saudoso? Pensei, pensei, e não cheguei a nenhuma conclusão, mas me lembrei também do compositor e cantor Belchior, em “Como nossos pais”:

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como Os Nossos Pais...

Refleti um pouco mais, e concluí, ainda com o Belchior:

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantado
Com uma nova invenção
Vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pr'o sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação
E eu sinto tudo
Na ferida viva
Do meu coração...

Pois é, não adianta pensar muito mais, e nem fazer tantas perguntas, o novo século está aí. E pronto!
Sendo assim, posso fazer mais uma perguntinha? Afinal, não custa nada:
Alguém está a fim de um relacionamento sério?

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